Não é com a alegria do costume que escrevo este post...
Infelizmente, à semelhança de muitos outros professores, encontro-me desempregada (e por isso o blog tem estado parado). Encontro-me triste com toda esta situação que, para nós é nova, mas que para muitos outros professores é típica e, frequentemente, usual nesta altura do ano. Existem coisas que não compreendo: não compreendo os concursos, não compreendo a lei que nos coloca (despacho nº 6809/2014, de 23 de maio: Habilitações), não compreendo os professores de EMRC que não se preocupam com o facto de não poderem trabalhar daqui a dois anos.
Sou engenheira civil. Foi essa a carreira que escolhi e, para a qual estudei durante cinco anos; trabalhei quatro anos nesta área, fui feliz, muito feliz e gostava imenso do que fazia. No entanto, a crise económica que o nosso país atravessa levou-me para o desemprego há alguns anos atrás. O prazer de viver no meu país levou-me a ficar por cá e a não procurar (como muitos outros) trabalho no estrangeiro. Posso dizer que foi EMRC que me escolheu. É isso que sinto. Quando me convidaram para dar aulas, aceitei! Amo de todo o coração o que faço e a minha missão (tal como a de qualquer outro professor de EMRC) é evangelizar as escolas. Como tal não o posso fazer com qualidade possuindo apenas uma licenciatura em engenharia civil, da mesma forma que um enfermeiro não pode fazer o trabalho do cirurgião e uma assistente social não pode fazer o trabalho de um contabilista.... Mas, então, porque é qualquer um pode ser professor de EMRC? e, principalmente, porque que é que todos os que o são, não se preocupam em se formarem devidamente para exercerem a profissão na área???????????!!!!!!!!!!!!!
Eu preocupei-me!
Não vou dizer que é fácil, porque não o é. Moro no Algarve e todas as terças-feiras rumo a Lisboa, à Universidade Católica e só regresso na quarta-feira. Frequento o 3º ano do Curso de Ciências Religiosas e no primeiro ano do curso o ordenado mal chegava para as despesas. O cansaço é muito, o regresso aos estudos foi difícil (ainda por cima numa área completamente distinta da minha formação inicial - fiz um curso com máquina de calcular na mão e agora faço um curso com uma bíblia, um concilio e um sem fim de livros teológicos na mão, a minha visão a cada semestre que passa vai se deteriorando (neste momento posso dizer que a minha graduação já chegou às cinco dioptrias), entre muitas outras dificuldades.... Mas não me arrependo de nada, não me arrependo do que aprendi, do que ouvi e da partilha que dei. Hoje sou melhor professora, sou uma católica com mais conhecimentos, e estes conhecimentos não estão apenas ao dispor da escola e dos alunos, mas também ao dispor da minha paróquia/comunidade, pois sinto-me melhor catequista, melhor leitora, melhor ministra extraordinária da comunhão.... Foi com espanto que percebi na terça-feira que o numero de professores matriculados na licenciatura em Ciências Religiosas, na UCP, era ainda menor que nos anos anteriores. Questiunei-me sobre muitas coisas: O que se passa com os professores não profissionalizados? Qual será o futuro da disciplina?
Hoje estou sem trabalho... Não sei para que escola concorrer, que horário escolher. Existem dias que tenho vontade de chorar, de deixar tudo, de apanhar um avião para qualquer parte do mundo. Nestes momentos revela-se dentro de mim a força da minha fé. Ser cristão é ser esperança. Ser cristão é acreditar que Deus está ao nosso lado sempre. Ser cristão é fazer a nossa parte sempre confiando em Deus. Ser cristão é muito mais, é ser alegre, forte, corajoso, etc. EU SOU DE CRISTO. EU CONFIO. EU REZO. EU PEÇO A DEUS o mesmo que o salmista pede: "Tu és o meu rochedo e a minha fortaleza; por amor do teu nome, guia-me e conduz-me" Sl 31, 4
Obrigada
Gostei e vou partilhar,
ResponderEliminarEstou na mesma situação... Força!!
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